A falsa questão das eólicas
Na sequência da visita da Senhora Ministra do Ambiente e do seu Secretário de Estado ao Parque Nacional da Peneda-Gerês, no passado dia 15 de Outubro, surgiram algumas mensagens e sinais que nos deixam muita preocupação, porque se assemelham a técnicas antigas e gastas de formação de opinião pública, quando aquilo que se procura neste momento são novas formas de gestão e de participação das populações locais.
De facto, ocorreram naqueles dias movimentações estranhas, tanto por parte dos Senhores Presidentes de Câmara Municipal, ao falarem apenas nas questões relacionadas com a produção de energia, ou porque não consideram justa a repartição dos lucros e dos impostos gerados na região, ou porque ameaçam deixar arder caso vejam diminuida a potência prometida, como também nesta matéria se centrou a comunicação social, dando a sua atenção quase exclusivamente à promessa política de proibir a exploração de eólicas dentro do território do Parque Nacional.
Se pelo lado dos cidadãos em geral (opinião pública), até possa parecer simpática a ideia de exclusão das eólicas no PNPG, não deixa de ser preocupante que pessoas responsáveis se deixem hipnotizar por este efeito e se esqueçam que há outras matérias tão ou mais importantes a acautelar, como até as outras próprias fontes de energia. É, por agora, em relação a esta face escondida das energias renováveis que quero chamar a vossa atenção.
Como todos sabem, a proposta de Plano de Ordenamento do PNPG (POPNPG) apresentada pelo Governo não contempla só a exclusão de eólicas, contempla a exclusão de mini-hídricas, contempla a exclusão de fotovoltaicas e também de biomassa. Por isso, é enganosa a mensagem anunciada pelos políticos e ampliada pela comunicação social de que se excluem as eólicas do Parque Nacional.
Esta obssessão pela proibição de tudo quanto possa gerar recuros económicos para as populações locais é doentia e preversa. Conforme tivemos oportunidade de apresentar na carta aberta que dirigimos ao Director do PNPG, o território possui potencialidades que permitem explorar com baixo impacte ambiental fontes de energia renováveis. Durante o Inverno, os nossos regatos e ribeiras levam imensa água, bastando pequenas represas para regularização de caudais e produzirmos energia de forma rentável. No Verão, uma pequena central de biomassa estimularia o desbaste dos matos e dos arbustos e ajudaria a evitar os incêndios, produzindo energia. Ao longo de todo o ano, qualquer dos hoteis do Gerês poderia produzir energia fotovoltaica nos seus telhados, sem qualquer impacte ambiental acima do que já tem.
E, infelizmente, políticos responsáveis, querem proibir todas estas formas de produção de energia sob a capa da exclusão das eólicas.
Faça-se um exame de consciência e pergunte-se a qualquer ser racional:
- que mal faz um sistema fotovoltaico no cimo de um telhado na Vila do Gerês?
- que dano provoca uma central de biomassa junto de uma aldeia ou de uma vila?
- que impacte cria uma mini-hidrica num ribeiro?
- porque não podemos aspirar acima da micro-geração?
Não é, portanto, séria a proposta relativa às energias renováveis. Mete-se no saco das eólicas todas as outras fontes de energia, sabendo que algumas delas são âncoras para outras actividades de defesa e protecção dos recursos naturais.
E é assim que vamos lidando com quem diz que nos governa!
José Carlos Pires
De facto, ocorreram naqueles dias movimentações estranhas, tanto por parte dos Senhores Presidentes de Câmara Municipal, ao falarem apenas nas questões relacionadas com a produção de energia, ou porque não consideram justa a repartição dos lucros e dos impostos gerados na região, ou porque ameaçam deixar arder caso vejam diminuida a potência prometida, como também nesta matéria se centrou a comunicação social, dando a sua atenção quase exclusivamente à promessa política de proibir a exploração de eólicas dentro do território do Parque Nacional.
Se pelo lado dos cidadãos em geral (opinião pública), até possa parecer simpática a ideia de exclusão das eólicas no PNPG, não deixa de ser preocupante que pessoas responsáveis se deixem hipnotizar por este efeito e se esqueçam que há outras matérias tão ou mais importantes a acautelar, como até as outras próprias fontes de energia. É, por agora, em relação a esta face escondida das energias renováveis que quero chamar a vossa atenção.
Como todos sabem, a proposta de Plano de Ordenamento do PNPG (POPNPG) apresentada pelo Governo não contempla só a exclusão de eólicas, contempla a exclusão de mini-hídricas, contempla a exclusão de fotovoltaicas e também de biomassa. Por isso, é enganosa a mensagem anunciada pelos políticos e ampliada pela comunicação social de que se excluem as eólicas do Parque Nacional.
Esta obssessão pela proibição de tudo quanto possa gerar recuros económicos para as populações locais é doentia e preversa. Conforme tivemos oportunidade de apresentar na carta aberta que dirigimos ao Director do PNPG, o território possui potencialidades que permitem explorar com baixo impacte ambiental fontes de energia renováveis. Durante o Inverno, os nossos regatos e ribeiras levam imensa água, bastando pequenas represas para regularização de caudais e produzirmos energia de forma rentável. No Verão, uma pequena central de biomassa estimularia o desbaste dos matos e dos arbustos e ajudaria a evitar os incêndios, produzindo energia. Ao longo de todo o ano, qualquer dos hoteis do Gerês poderia produzir energia fotovoltaica nos seus telhados, sem qualquer impacte ambiental acima do que já tem.
E, infelizmente, políticos responsáveis, querem proibir todas estas formas de produção de energia sob a capa da exclusão das eólicas.
Faça-se um exame de consciência e pergunte-se a qualquer ser racional:
- que mal faz um sistema fotovoltaico no cimo de um telhado na Vila do Gerês?
- que dano provoca uma central de biomassa junto de uma aldeia ou de uma vila?
- que impacte cria uma mini-hidrica num ribeiro?
- porque não podemos aspirar acima da micro-geração?
Não é, portanto, séria a proposta relativa às energias renováveis. Mete-se no saco das eólicas todas as outras fontes de energia, sabendo que algumas delas são âncoras para outras actividades de defesa e protecção dos recursos naturais.
E é assim que vamos lidando com quem diz que nos governa!
José Carlos Pires