Arcos de Valdevez fechou o ciclo de sessões públicas de esclarecimento num ambiente propício ao entendimento, com sinais claros de se pretender fechar este processo em paz com as populações locais.
As intervenções foram muito diversificadas, tocando-se em quase todos os temas que preocupam os habitantes do território., incluindo a falha protocolar de esquecimento dos baldios.
As questões urbanísticas abriram o debate, chamando-se a atenção sobre a incongruência da proposta de ordenamento do PNPG face ao PDM aprovado com parecer favorável do PNPG há muito pouco tempo.
Até as energias renováveis tiveram aqui novas abordagens, associadas aos regadios no caso das mini-hidricas e de compensação de impactes paisagísticos negativos nas eólicas. As eventuais feridas no território já lá estão e os sistemas de produção de energia renováveis podem ser integrados nesses locais, perfeitamente.
Da parte do PNPG voltou a ser garantido que o pastoreio continuará a desenvolver-se do mesmo modo que até aqui.
Curiosamente, numa intervenção sobre recursos comunitários, apelando à cooperação do PNPG e à demonstração da aplicação financeira no plano de investimento para efeitos de compensação das populações locais, foi evidente o embaraço do Sr. Director do PNPG e foi pena que não tivesse respondido. Até parece que as pessoas qualificadas não se podem colocar do lado das gentes humildes que habitam a Peneda-Gerês.
A caça também teve intervenções interessantes, com o representante da União das associativas confiante na bondade do Sr. Director, enquanto outros mais pragmáticos questionaram sobre as intenções do PNPG e a cessação da actividade venatória com o regulamento proposto.
Mais uma vez se pediu a abolição de taxas para as gentes do território, principalmente pelo exagero dos valores agora cobrados.
Na parte final, foi interessante ver a reacção das populações locais quando um forasteiro ousou comparar o PNPG com uma galinha de ovos de ouro. Os nossos ovos são feitos de granito e de muito suor, Sr. Biólogo!
O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez demonstrou que sabe lidar bem com este processo, tocando em questões políticas estruturantes para o funcionamento do PNPG e dando-lhe a mão para um entendimento com as populações.
A forte participação popular, o esclarecimento demonstrado e o propósito firme de manter intocáveis os direitos consagrados ancestralmente, são motivos mais do que suficientes para que técnicos e políticos façam agora o seu trabalho. Não há áreas protegidas contra a vontade das pessoas que lá vivem, resultando no prejuízo de todos. Por isso, ainda estamos a tempo de reiniciar o processo, pois vão perceber que não é fácil remendar os documentos colocados à discussão pública compatibilizando os direitos e interesses das gentes que sustentam o território.
Encerrado que está esta fase, resta-nos agora participar conforme nos obrigam, por escrito. E é isso que vamos fazer nos próximos dias.
Até ao dia 2 de Dezembro, entregue na sua Junta de Freguesia, na Câmara Municipal ou nos serviços do ICNB o seu contributo. Mesmo arriscando a escrever alguma asneira, não tenha receio e diga no papel o que lhe vai na alma.